quarta-feira, 29 de julho de 2009

Catecismo sobre a Santíssima Virgem


(S. João Maria Vianney)



O Pai compraz-se em olhar o coração da Santíssima Virgem como a obra-prima das suas mãos; ama-se sempre a própria obra, sobretudo quando é bem feita; o Filho, como o coração de sua Mãe, fonte na qual hauriu o sangue que nos reuniu; o Espírito Santo como o seu templo. Os profetas publicaram a glória de Maria antes do seu nascimento; compararam-na ao sol. De fato, a aparição da Santíssima Virgem bem pode comparar-se a um sol num dia de névoas. Antes da sua vinda, a cólera de Deus estava suspensa sobre as nossas cabeças como uma espada prestes a nos ferir. Logo que a Santíssima Virgem apareceu na terra, essa cólera foi aplacada... ela não sabia que devia ser a mão de Deus, e, quando era pequena, dizia: “Quando verei essa bela criatura que deve ser a Mãe de Deus?” A Santíssima Virgem gerou-nos duas vezes, na encarnação e ao pé da cruz: é pois duas vezes nossa mãe. Compara-se com freqüência a Santíssima Virgem a uma mãe; porquanto a melhor das mães castigas às vezes o filho que lhe dá desgosto; bate-lhe mesmo; e julga fazer bem. Mas a Santíssima Virgem não faz assim: é tão boa que nos trata sempre com amor e nunca nos castiga. O coração dessa boa Mãe é só amor e misericórdia; ela só deseja é ver-nos felizes. Basta só volvermo-nos para ela para sermos atendidos... O Filho tem a sua justiça, a Mãe tem só o seu amor. Deus amou-nos até ao ponto de morrer por nós; mas no Coração de Nosso Senhor há justiça, que é um atributo de Deus; no da Santíssima Virgem há só misericórdia... Seu Filho estava prestes a punir um pecador, maria se lança, detém o gládio, impetra graça para o pobre culpado: “Minha Mãe, diz-lhe Nosso Senhor, eu não vos posso recusar nada. Se o inferno pudesse arrepender-se, vós lhe alcançaríeis o perdão”. A Santíssima Virgem conserva-se entre o seu Filho e nós. Quanto mais pecadores somos, tanto mais compaixão e ternura ela tem por nós. O filho que mais lágrimas custou a sua mãe é o mais caro ao coração desta. Uma mãe não corre sempre ao mais fraco e mais exposto? Um médico, nu, hospital, não tem mais atenção para os mais doentes? O coração de Maria é tão terno para nós, que o de todas as mães reunidas não passam dum pedaço de gelo ao pé do dela. Vede como a Santíssima Virgem pé boa! O seu grande servo S. Bernardo dizia muitas vezes: Ave, Maria... Um dia essa boa mãe respondeu-lhe: Ave meu filho Bernardo... A Ave-Maria é uma oração que nunca fatiga. Quando se fala dos objetos da terra, do comércio, da política... cansa-se, mas quando se fala da SS. Virgem, é sempre coisa nova. A devoção à Santíssima Virgem é untuosa, doce, nutritiva. Todos os santos têm grande devoção à Santíssima Virgem; nenhuma graça vem do céu sem passar pelas mãos dela. Ninguém entra numa sala sem falar ao porteiro: pois bem! A SS. Virgem é a porteira do céu. Quando se quer oferecer alguma coisa a um grande personagem, faz-se apresentar esse objeto pela que ele prefere, a fim de que a homenagem lhe seja mais agradável. Assim as nossas preces, apresentadas pela Santíssima Virgem, têm merecimento muito maior, porque a Santíssima Virgem é a única criatura que nunca ofendeu a Deus. Só a Santíssima Virgem foi quem cumpriu o primeiro mandamento: Um só Deus adorarás e amarás perfeitamente. Ela o cumpriu integralmente... Tudo o que o Filho pede ao Pai é-lhe concedido. Tudo o que a Mãe pede ao Filho é-lhe igualmente concedido. Quando as nossas mãos tocaram aromas, embalsamam tudo o que tocam: façamos passar as nossas preces pelas mãos da Santíssima Virgem, e ela as embalsamará. Eu penso que no fim do mundo a Santíssima Virgem estará bem tranqüila; mas enquanto durar o mundo, ela será puxada para todos os lados... A Santíssima Virgem é como uma mãe que tem muitos filhos. Está continuamente ocupada em correr de um a outro.

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