quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

UM PEQUENO APERITIVO SOBRE: O PRIMADO DE PEDRO

Um pequeno aperitivo sobre:

O PRIMADO DE PEDRO

Ao analisar a passagem de Mateus 16,17-19, conservada em grego, embora tenha sido escrita em hebraico, os especialistas analisando as construções das frases de Jesus, chegaram às seguintes conclusões:
1. O Macarismo “Feliz és tu...”, nos leva a traduzir o texto no sentido de uma proclamação de felicidade, muito freqüente nas Escrituras.
2. Simão Bar - Jona... Jesus menciona a filiação do discípulo, conforme o costume judeu. Modo de falar aramaico;
3. “Carne e Sangue” em linguagem semita designa a natureza humana com suas faculdades naturais;
4. “O Pai que está no céu” é outro semitismo;
5. O trocadilho “Tu és Pedro e sobre esta pedra...” não se entenderia em grego ( Petros, petra) nem em latim ( Petrus, petra). Supões o aramaico, em que o termo Kepha permanece invariável. “Tu és Kepha e sobre esta Kepha edificarei minha Igreja...”;
6. “As portas do inferno...” ora construída sobre a rocha que é Pedro, a Igreja de Cristo não sucumbirá aos ataques do mal, será indefectível;
7. “Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus”. Sinal do poder, conforme a linguagem semítica do profeta Isaías22, 20-22: “Naquele dia, chamarei o meu servo Eliacim filho de Helcias... Porei sobre seus ombros a chave da Casa de Davi; ele abrirá, e não haverá quem feche; fechará, e não haverá quem abra.”.
8. “Tudo que ligares sobre a terra... tudo o que desligares...” tanto a linguagem nos céus, como “ligar-desligar” típica linguagem semítica, como na linguagem rabínica, designando poder de excomunhão que podia ser imposta (de modo a ligar) ou retirada (de modo a desligar).

Assim concluíram os especialistas, após o exame crítico do texto de Mateus 16,17-19, que Jesus quis confiar a São Pedro a sua Igreja (como detentor das chaves do Reino), o poder de admitir neste Reino ou de excluir a quem Pedro julgasse oportuno. As sentenças do Apóstolo Pedro têm caráter decisivo e são confirmados no céu pelo Senhor Deus.
Há, porém, quem objete que a rocha sobre a qual Jesus quis construir a sua Igreja, não era Pedro, mas a confissão de Pedro. Em resposta, os especialistas observam: Todo o contexto de Mt 16,18 versa em torno da pessoa do Apóstolo: é a São Pedro diretamente que Jesus dirige as palavras: “Bem-aventurado és tu..., te revelou..., eu te digo”. Foi o nome de Pedro que Cristo mudou e é este nome mudado que Cristo alude interpretando-o conforme o costume bíblico, como sinal de uma nova tarefa confiada a Pedro: “Simão, filho de Jonas... Pedro (pedra)”.


SÃO PEDRO EM ROMA

Os Santos Padres dos primeiros séculos do cristianismo falam assiduamente do martírio de São Pedro e São Paulo em Roma. A presença de Pedro em Roma é insinuada pela 1ª Pedro, que foi redigida em 64 da Babilônia (5,13) que designa segundo o Novo Testamento a capital do Império Romano.
Alguns anos mais tarde em 96-98, São Clemente de Roma, escrevia aos Coríntios:
“Lancemos os olhos sobres os excelentes Apóstolos: Pedro foi para a glória que lhe era devida. Foi por efeito da inveja e da discórdia que Paulo mostrou o preço da paciência... Depois de ter ensinado a justiça ao mundo inteiro... ele deu testemunho diante daqueles que governaram e assim deixou o mundo... A esses homens juntou-se grande multidão de eleitos que, em conseqüência da inveja, padeceram muitos ultrajes e torturas, deixando entre nós magníficos exemplos”. (5,3-7; 6,1).
Por volta de 107 (!), Santo Inácio de Antioquia escrevia aos Romanos:
“Não é como Pedro e Paulo que vos dou ordens; eles foram Apóstolos: eu não sou senão um condenado” (Rm 4,3).
Entre 165 e 170, o bispo Dionísio de Corinto atestava aos romanos:
“Tendo vindo ambos a Corinto, os dois Apóstolos Pedro e Paulo nos formaram na doutrina evangélica: a seguir indo-se para a Itália (Roma), eles vos transmitiram os mesmos ensinamentos e sofreram o martírio simultaneamente”. (em Eusébio de Cesaréia, História da Igreja II 25,8).
E no início do século III, era Orígenes quem escrevia:
“Pedro finalmente, tendo ido para Roma, lá foi crucificado com a cabeça para baixo” ( ibid, III,1).

OS PAPAS SÃO OS SUCESSORES DE SÃO PEDRO

Seria longo demais se quisesse apresentar aqui todos os documentos e fatos históricos que comprovam o primado do Bispo de Roma, ou seja, dos Papas. Limitar-me-ei aos cinco primeiros séculos, a partir dos Apóstolos.

· SÉCULO I

1. São Clemente de Roma: terceiro sucessor de São Pedro enviou delegados e uma carta em mãos próprias aos fiéis de Corinto, exortando-os à mútua concórdia e submissão a seus superiores eclesiásticos, em virtude de haver nesta Igreja distúrbios e desavenças provocadas por alguns jovens. Os fiéis de Corinto receberam os delegados e a mensagem do PAPA com muita alegria e júbilo, e conservaram a epístola junto às Escrituras durante quase um século.

“Devido às calamidades súbitas e repetidas e infortúnios que nos aconteceram, temos que reconhecer que nos atrasamos em nossa atenção sobre as disputas entre vocês,... Se qualquer um desobedece às coisas que foram ditas por Deus através de nós, isto é, que vocês restabeleçam seus líderes, estarão se envolvendo em transgressão e num grande perigo. Muito nos alegrará se vocês obedecerem às coisas que nós escrevemos pelo Espírito Santo...”.
(Carta aos Coríntios 1:1, 58:2-59:1, 63:2 – Ano 80).

2. Pastor de Hermas: Escreve na mesma época de São Clemente, o seguinte: “Então escrevi duas cartas reservadas e enviei para Clemente (o bispo de Roma) e uma para Grapte. Clemente enviará para as cidades, porque é o seu dever (como Papa)...” (O Pastor 2:4, 3).

3. Santo Inácio de Antioquia: escreve por volta dos anos 107-110: “Inácio... também para a Igreja que preside, no local dos romanos, merecedora de Deus, de honra, de benção, de elogio, de sucesso, de santificação, e porque preside o amor...” (Carta para os romanos 1:1).
“Você não invejou ninguém, mas a outros ensinou. Eu só desejo que aquilo que foi ordenado em suas instruções possa permanecer em vigor” (ibid, 3:1).

4. Dionísio de Corinto: Ano 170, escreve: “Desde o princípio foi costume fazer o bem a todos os irmãos de vários modos e enviar contribuições para todas as Igrejas em toda a cidade...Este é o costume que o seu santificado bispo Soter não só preservou, mas está aumentando, fornecendo uma abundância de materiais aos santos e urgindo com palavras consoladoras, como um pai amoroso aos seus filhos, os irmãos peregrinos...! ( Carta para o Papa Soter, História da Igreja, Eusébio de Cesaréia 4:23:9).
“Hoje nós observamos o dia santo do Senhor, no qual lemos sua carta (Papa Soter). Sempre que nós lemos cesta carta na igreja, nos alegramos, como também lemos a antiga carta de Clemente ( Papa)...” ( ibid, 4:23:11).

5. Os Mártires de Lion: Ano 175, relatam: “E quando uma dissensão surgiu sobre estas pessoas ditas montanistas, os irmãos na Gália mais uma vez... enviaram cartas para os irmãos na Ásia e na Panfília e, além disso, para Eleutério que era então o bispo dos romanos que negociava para a Igreja a paz...” ( ibid, 5:3:4).
“E os mártires recomendaram a Irineu também, naquele momento (ano 175), era presbítero (padre) da comunidade de Lion, para bispo de Roma, fazendo um elogio especial...” Mais uma vez e sempre rezaremos e nos alegraremos em Deus por vós. Papa Eleutério. Esta carta encomendamos a nosso irmão e companheiro Irineu, nós imploramos recebei-o com carinho...” ( ibid. 5:41-2).

6. Santo Irineu de Lion: Escreve em 189: “já que seria demasiado longo enumerar os sucessores dos Apóstolos em todas as comunidades, só nos ocuparemos com uma destas: a maior e a mais antiga, conhecida por todos, fundada e constituída pelos dois gloriosíssimos Apóstolos Pedro e Paulo. Mostraremos que a Tradição Apostólica que ela guarda, e a fé que ela comunicou aos homens chegaram a nós através da sucessão regular dos bispos, confundindo assim todos aqueles que... querem procurar a verdade onde não se pode encontrar. Com esta comunidade, de fato, dada a sua autoridade superior, é necessário que esteja de acordo toda a comunidade, isto é os fiéis do mundo inteiro; nela sempre foi considerada a tradição dos Apóstolos.” (Contra Heresias 3:3, 2).

7. Sobre o Papa Vítor, ano 190, há um importante relato do historiador Eusébio de Cesaréia (ano 312): “Uma pequena interrogação surgiu naquele momento, ano 190. Para as paróquias de toda a Ásia, como a mais velha tradição assegurada que no décimo quarto dia da lua, os judeus sacrificavam cordeiro, e neste dia era observado o banquete da Páscoa do Salvador... Mas não era o costume no resto do mundo... eles observavam a prática que, de origem apostólica, prevaleceu ao tempo presente, de terminar o jejum da Quaresma no dia da ressurreição do Senhor, domingo. Foram feitos vários Sínodos e Assembléias de bispos neste sentido, e tudo , com mútuo consentimento , prepararam um decreto eclesiástico, no que o mistério da Páscoa deveria ser celebrado no domingo, O DIA DO SENHOR, e que todos deveriam observar o fim do jejum pascal neste dia...”

“Logo após o Papa Vítor, que tudo presidiu como bispo de Roma, tentou cortar imediatamente da comunhão as igrejas de toda a Ásia, o dia 14 de Nissan. E ele escreveu cartas e declarou quem não obedecesse, estaria excomungado. Isto não agradou todos os bispos, e eles pediram para reconsiderar a excomunhão em nome da paz e da unidade, no amor da Igreja... Enviaram Irineu para prevenir o Papa, para não cortar as igrejas que observavam um costume tão antigo...” (História da Igreja 5:23 1-24:11).

8. Cipriano de Cartago, ano 251, nos relata sobre a Cátedra de Roma: “... cátedra de Pedro, a Igreja principal, donde se origina a unidade sacerdotal, isto é, a unidade dos bispos”. (Epist. 55,14).

“O julgamento de Atanásio deveria ser feito, não como está ocorrendo, mas de acordo com o cânon ecelsiástico. É ignorante aquele que esquece que o costume é escrever primeiro a nós, assim então, ser dada uma decisão justa deste lugar ( Roma?) Se então, qualquer suspeita foi levantada contra o bispo de Alexandria ( Santo Atanásio), isto deveria antes ter sido escrito à Igreja daqui em Roma. Mas agora depois de passarem por cima disto, eles querem nosso consentimento... Não é assim a Tradição que recebemos. O que escrevo é para o bem comum...Isto declaro, na pessoa do Santo Apóstolo Pedro, que represento ( o Papa Júlio)...” ( Carta em favor de Athanasius, conservada por Santo Atanásio no ano 341).

9. O Concílio de Sárdica, no ano 341, solenemente declara em seus cânones: “... quando um bispo perde o julgamento em algum caso (decidido pelos bispos da mesma categoria), se quiser pode ser julgado novamente... em honra do Apóstolo Pedro, deve escrever ao bispo de Roma, Júlio, de forma que se ele quiser, pode ser feito um novo julgamento, agora sob a supervisão dos legados de Júlio... “ (cânon 3).

“... Se algum bispo for deposto, pelo julgamento dos bispos de alguma província, e se ele assim desejar, pode recorrer ao bispo de Roma, para se familiarizar com o caso e emitir o julgamento final...” (cânon 4).


10. Optato de Milevi, no ano 367, nos deixa escritos que comprovam a obediência ao sucessor de Pedro, ao Bispo de Roma: “Na cidade de Roma, quem por primeiro se sentou na cátedra episcopal foi o Apóstolo Pedro, ele que era a CABEÇA DE TODA A IGREJA, denominado CEPHAS (ROCHA, PEDRA) de todos os Apóstolos, cátedra que mantém a unidade de todos. Os apóstolos nada decidiam sem estar em comunhão com esta ÚNICA cátedra ( de Roma)...
“Recorde a origem desta cátedra, todos que reinvidicam o nome da SANTA IGREJA CATÓLICA...” (O Cisma Donatista 2:2).

11. O Papa Damaso I, No ano 382, deixou por escrito o seguinte decreto: “Igualmente é decretado... anunciado a todos... A Santa Igreja Romana está colocada À FRENTE DE TODAS AS IGREJAS nas decisões de conciliar a paz entre outras igrejas ( espalhadas no mundo inteiro, fazendo a unidade da Igreja Católica), pois recebeu a primazia da Voz Evangélica de nosso Deus e Salvador que diz: TU ÉS PEDRO, E SOBRE ESTA PEDRA EU EDIFICAREI A MINHA IGREJA, E AS PORTAS DO INFERNO NÃO PREVALECERÃO CONTRA ELA, E EU DAREI A TI AS CHAVES DO REINO DOS CÉUS, E TUDO AQUILO QUE LIGARES NA TERRA SERÁ LIGADO NO CÉU, E TUDO AQUILO QUE DESLIGARES NA TERRA, SERÁ DESLIGADO NO CÉU. ( Mateus 16,18-19). Então reconheça a primazia da Igreja Romana, isto é do Apóstolo Pedro, que não tem mancha, e não manchará a ninguém...” ( Decreto de Damasus 3).

12. O documento do Sínodo de Ambrósio, no ano 389, nos relata o respeito e a obediência de toda a Igreja ao Papa: “Nós reconhecemos na carta de SUA SANTIDADE, o Papa Sirício, a vigilância do Bom Pastor. Ele que administra com fiel zelo, o poder a ele confiado, e como guarda do redil de Nosso Senhor Jesus Cristo ( Jô 10,7s), merece ser ouvido por todas as ovelhas de Deus e seguido por elas...” ( Carta Sinodal para o Papa Sirício).

13. São Jerônimo, no ano 396, escreve uma importante carta para o Papa Damaso, que em seu teor demonstra todo respeito, amor e obediência ao Santo Padre o Papa. Confira: “A nenhum outro eu quero seguir e estar em comunhão senão com Cristo e vossa beatitude (ele escreve ao Papa Damaso), quero dizer, com a cátedra de Pedro. Eu sei que SOBRE ESTA PEDRA A IGREJA FOI CONSTRUÍDA. Quem come o Cordeiro fora desta casa é profano. Qualquer um que não está com esta arca de Noé, isto é, com esta cátedra perecerá quando a inundação prevalecer...( Epístola 15:20)

Extraído do livro: Eu sou feliz por ser católico, de autoria do Padre Marcelo Rossi, págs. 51-60.

NOTA DO ADMINISTRADOR: De fato, estes textos são apenas uma pequena introdução ao tema do PRIMADO DE PEDRO, o texto do livro “LEGÍTIMA INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA” de Lúcio Navarro, é sobremodo mais completo e, por conseguinte muito mais trabalhoso para digitar, mas eu vou fazê-lo nem que demore um tempão! Em breve vocês terão a disposição um dos melhores e mais completas apologias que existem sobre o tema! Obrigado!

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