terça-feira, 8 de janeiro de 2008

EM QUE SENTIDO MARIA SANTÍSSIMA É CHAMADA CO-REDENTORA

Quando alguns escritores católicos chamam a Maria Santíssima co-redentora do gênero humano, eles empregam este termo não no sentido de que os merecimentos de Maria Santíssima pudessem acrescentar alguma coisa aos merecimentos de Jesus Cristo quanto ao resgate do gênero humano: os merecimentos de Cristo eram infinitos e os de Maria, finitos, como criatura que é; além disto, os próprios merecimentos da Virgem já são efeitos dos merecimentos de Jesus. Nem é no sentido de que o Messias necessitasse da ajuda de Maria para realizar a sua obra salvadora.

O que esses escritores querem significar com tal denominação é o papel que Deus, nos desígnios de sua Providência, fez com que Maria Santíssima, embora simples criatura, exercesse na obra da Redenção. Pelo poder divino, Cristo podia ter aparecido neste mundo, como homem feito; mas tendo que mostrar-se em todas as coisas à nossa semelhança, exceto o pecado (Hebreus 4,15) era preciso, segundo os desígnios de Deus, que nascesse de um ventre materno. Uma mulher, Eva, se associara ao primeiro homem no pecado, oferecendo-lhe o fruto da árvore proibida. Outra mulher, Maria foi associada ao novo homem, Jesus Cristo, na obra da salvação, pois foi escolhida por Deus para ser Mãe do Salvador.

Para isto era preciso, em atenção à honra e dignidade do próprio Filho, que Deus escolhesse uma mulher pura, imaculada, sem a mínima sombra de pecado, a fim de ser o sacrário onde havia de formar-se o corpo de Jesus Cristo. Deus lhe manda o anjo Gabriel para anunciar-lhe que ela, cheia de graça, havia sido escolhida para a grande honra da maternidade divina. E só depois que Maria vê resolvido o problema de sua virgindade, é que dá o consentimento: Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra (Lucas 1,38). E é em seguida a este consentimento que o Verbo se faz carne e habita entre nós, tornando-se Maria, nessa hora, a esposa do Espírito Santo: O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá de sua sombra (Lucas 1,35). Se o Verbo se faz carne para nossa salvação, Maria contribui para isto, pois a carne de Cristo é carne de Maria, o sangue de Cristo é sangue de Maria, pela íntima união que há entre o filho e a mãe, a mesma união que há entre o fruto e a árvore que o produz, e por isto lhe diz S. Isabel, falando cheia do Espírito Santo: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre ( Lucas 1,42).

Aquele Menino que ela trouxe no seu ventre puríssimo e virgem durante 9 meses, Maria depois O nutriu, O guardou, O educou durante trinta anos e Jesus lhe foi obediente: E estava à obediência deles ( Lucas 2,51). E na cruz, no momento da Redenção, Maria que pela ação preservativa de Deus, graças aos merecimentos de Cristo, jamais teve o mínimo pecado, ali estava sofrendo juntamente com Jesus Cristo, fazendo resignada e heroicamente o sacrifício de seu Filho Amantíssimo para a redenção do gênero humano.

É frisando esta atuação que Maria, embora simples criatura, foi destinada a exercer junto a seu Divino Filho, que esses escritores dizem que Maria Santíssima é de um certo modo co-redentora do gênero humano.

Se o termo está bem ou mal empregado – é uma questão de gramática e de linguagem. Mas os católicos nada querem significar além do que está exposto quando dão à Maria Santíssima o aludido título.

Todos os textos deste blog que estiverem numerados, foram e serão extraídos do livro “Legítima Interpretação da Bíblia" de Lúcio Navarro.

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