SIMÃO RECEBE UM NOVO NOME.
158. Um dia Nosso Senhor teve ocasião de frisar o contraste entre o entre o homem sábio que EDIFICOU a sua casa sobre ROCHA; e veio a chuva e transbordaram os rios e assopraram os ventos e combateram aquela casa e ela não caiu, porque estava FUNDADA sobre a rocha (Mateus 7,24-25); e o homem sem consideração que edificou a sua casa sobre a areia; e veio a chuva e transbordaram os rios e assopraram os ventos e combateram aquela casa, e ela caiu e foi grande a sua ruína (Mateus 7,26-27).
Ora, Nosso Senhor mesmo nos ensina que a sua obra, fundando e organizando a Igreja, é semelhante à obra de um homem levantando um edifício: EDIFICAREI a minha Igreja (Mateus 16,18).
Foi por isto que Ele, logo quando viu a Pedro pela primeira vez, depois de olhar para o seu futuro Apóstolo de uma maneira tão significativa e profunda que o Evangelista registrou este olhar, lhe mudou o nome de Simão para Cefas. “E Jesus, depois de OLHAR para ele, disse: tu és Simão, filho de Jonas, tu serás chamado Cefas, que quer dizer Pedro” (João 1,42).
Se Jesus fosse um simples homem, não deixaria de causar estranheza o fato de um homem ver a outro pela primeira vez e ir imediatamente mudando o seu nome. Mas Jesus era Deus. Conhecia perfeitamente todos os segredos das almas e todos os acontecimentos do futuro. Sabia muito bem o que ia fazer. E também não fazia nenhuma ação inútil, nem sem significação.
Nem era a primeira vez, Na Bíblia, que Deus mudava o nome de uma pessoa, antes de lhe confiar uma missão importante. O mesmo acontecera com Abraão. A princípio ele se chamava Abrão que quer dizer pai excelso, ou que pensa em coisas excelsas. Deus lhe mudou o nome para Abraão, isto é, pai de uma excelsa multidão, ou pai de muitos excelsos: “Daqui em diante não te chamarás mais Abrão; mas chamar-te-ás Abraão, PORQUE EU TE TENHO DESTINADO PARA PAI DE MUITAS GENTES. E farei crescer a tua posteridade infinitamente e te farei chefe das nações e de ti sairão reis” (Gênesis 17,5-60). “O nome de Abraão observa S. João Crisóstomo, é como a coluna que inscreve para a eternidade a promessa da posteridade e de uma prole fiel e eleita”.
Ora, na língua que Nosso Senhor falava, ou seja, o aramaico ou sírio-caldaico, a mesma palavra KEPHA com que Nosso Senhor designou menor alteração. O mesmo acontece na língua francesa em que Pierre serve para designar um homem chamado Pedro, como serve também para significar pedra. Um caso semelhante acontece na nossa língua, em que um homem poder ser conhecido por Rocha (Sr. Rocha, Dr. Rocha) e a mesma palavra Rocha quer dizer pedra.
Por isto, tanto o Evangelista podia ter dito: tu serás chamado Cefas que quer dizer Pedro, como podia ter dito: tu serás chamado Cefas que quer dizer pedra; porque Cefas significava uma coisa e outra. Preferiu dizer que Cefas significa Pedro, para mostrar a que nome próprio de pessoa correspondia o nome imposto a Simão.
Jesus não explicou na mesma hora qual o motivo por que fazia aquela mudança de nome; era cedo ainda para isto, deixou para explica-lo solenemente mais tarde, como verdadeiro prêmio de uma bela profissão de fé.
PEDRO, PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA.
159. Um dia Jesus faz aos seus discípulos uma pergunta; quer saber o que é que dizem os homens a respeito dEle: “ quem dizem os homens que é o Filho do Homem? ( Mateus 16,13). E eles responderam: uns dizem que João Batista, mas outros que Elias e outros que Jeremias ou algum dos profetas ( Mateus 16,14). Mas Jesus lhes perguntou: E vós quem dizeis que sou eu? ( Mateus 16,16). A questão foi, portanto, apresentada por Jesus de propósito, de ânimo pensado, a fim de provocar a confissão de Pedro. Os outros Apóstolos calam e hesitam, com receio de dizer alguma coisa que não seja bem expressiva, que não seja inteiramente exata. Pedro porém, o mais fervoroso, o mais decidido, o mais ilustrado por Deus, antes que alguém dê uma resposta fraca e inadequada e falando com convicção de que se reveste o bom aluno quando sabe qual a resposta que quer o seu mestre, responde por eles: Tu és o Cristo o Filho de Deus vivo ( Mateus 16,16). Tu és o Cristo, ou seja, és o Messias prometido. És mais do que isto: és o filho de Deus vivo, Segunda Pessoa igual ao Pai, filho de Deus por natureza.
Cristo gostou imensamente da resposta de Pedro, a qual era um sinal de que Deus iluminava de maneira toda particular aquele espírito simples e bem formado de rude pescador. E já que Pedro disse tão brilhantemente que é Cristo, qual é a sua missão, qual é a sua grandeza, Jesus Cristo vai dizer, em retribuição, quem é Pedro, qual o seu cargo, quais são as suas prerrogativas. Pedro é a pedra sobre a qual Jesus vai construir a sua Igreja; vai ter nesta Igreja o supremo poder, pois Cristo lhe dará as chaves do Reino dos Céus, com plenos poderes para ligar e desligar.
Desde que, como dissemos na língua que Jesus falava a mesma palavra KEPHA quer dizer Pedro e quer dizer pedra percebe-se perfeitamente o trocadilho usado por Nosso Senhor: Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, trocadilho este que se exprime exatamente na língua francesa:
Tu és PIERRE et sur cette PIERRE JE BÂTIRAI MON Église.
O siríaco é uma língua irmã do sírio-caldaico ou aramaico, que Jesus falou, de modo que diz o comentador M. J. Lagrange: “As versões siríacas têm uma muito grande importância para a exegese do Novo Testamento, porque de certo modo nos fornecem a expressão primitiva dos catequistas e, sobretudo das palavras e, sobretudo das palavras de Nosso Senhor”. Pois bem, as versões siríacas, tanto a chamada Peshitta que é usada oficialmente pelos cristãos sírios, católicos e acatólicos, como a chamada Cureton pelo nome daquele que a descobriu e divulgou, trazem a mesma forma para as 2 palavras: Pedro e pedra; pois no siríaco (língua, repetimos, muito semelhante àquela que Jesus falou) KIPHA é Pedro e KIPHA é pedra. Na versão persa e na etiópica também é exatamente a mesma palavra para designar Pedro e para designar pedra, mostrando-se assim o trocadilho tão perfeitamente como sem mostra no francês.
Embora nossa língua não exprima com tanta perfeição, como o francês, o trocadilho usado por Nosso Senhor, todavia que lê o texto português o percebe logo facilmente, pois entre nós até as crianças sabem que Pedro quer dizer pedra. Também no grego o substantivo apelativo PÉTROS quer dizer pedra. Veja-se o dicionário de Bailly que assinala pedra, rochedo (pierre, rocher) como os 2 únicos significados desta palavra. Se o intérprete grego chamou a Pedro PÉTROS e não PÉTRA, é porque no grego os nomes próprios masculinos terminam em regra geral em as,es,is,os,us.
O que se deu na língua falada por nosso Senhor foi o que se teria dado na nossa língua p.ex., se um homem tivesse imposto a outro o nome de rocha, para depois dizer-lhe abertamente: Tu és a ROCHA e sobre esta ROCHA é que vou edificar a associação que quero instituir. Sendo que nos lábios de Nosso Senhor o trocadilho ainda foi mais perfeito, porque em sírio-caldaico ou aramaico a palavra KEPHA é sempre masculina, ou signifique Pedro ou signifique pedra: Tu és KEPHA e sobre esta KEPHA edificarei minha Igreja.
É natural a luta dos hereges para tentar desfazer o valor deste texto de suma importância para se conhecer qual é a VERDADEIRA IGREJA, porque, como diz o teólogo acatólico Palmer: “a doutrina a respeito do primado do Bispo de Roma sobre a Igreja Universal é o eixo, em torno do qual giram todas as controvérsias entre a Igreja Romana e as demais igrejas, porque se Cristo Nosso Senhor instituiu um primado ex-ofício de algum Bispo na Igreja Católica, primado este que deva perdurar, e se este primado o herdou o Bispo de Roma, daí se segue que a Igreja Universal se reduz a uma só Igreja, de obediência romana; e os concílios, doutrina e tradições desta Igreja são revestidos de autoridade para todo mundo cristão”. (p.7 de Romano Pontífice c. 1).
Nada mais compreensível, portanto do que o esforço dos protestantes, procurando violentar o texto, querendo afirmar que aquelas palavras se referem a todos os Apóstolos, pelo fato de ter falado Pedro em nome de todos eles: Ou que se referem à fé, e não a Pedro; ou que aquela pedra, de que aí se trata não é Pedro, mas o próprio Cristo.
Mas Nosso Senhor faz tudo sempre bem feito. Ele tomou tantas precauções para mostrar que se referia diretamente e exclusivamente à pessoa de Pedro, que, como observa o Cardeal Mazzella, “os notários, quando fazem documentos públicos e querem designar uma certa e determinada pessoa, não usam de mais minúcias do que usou Jesus Cristo”.
“Bem - aventurado és SIMÃO, FILHO DE JOÃO” (Mateus 16,17). Cristo lhe dá o nome de nascimento e lhe acrescenta o nome do pai, para não se confundir com outros;
“Porque não foi a carne e sangue quem te revelou, mas sim meu Pai que está nos Céus” – fala numa revelação oculta feitas diretamente a Pedro;
Cristo vai fazer também a Pedro uma revelação contínua insistentemente tratando por TU, insistentemente tratando por Tu, insistentemente mostrando que fala só a Pedro: Também eu TE digo que TU és Pedro (Mateus 16,18) – para que ainda não se confunda com nenhum outro, acrescenta-lhe o nome especial que deu a Simão e vai explicar o motivo por que lhe impôs este nome:
“E sobre ESTA PEDRA edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”- a palavra ESTA mostra claramente que Ele se refere a um termo usado anteriormente que no caso é o termo Pedro que quer dizer: Pedra ( Pedro e pedra era a mesmíssima palavra na língua que Jesus estava falando); e continua Cristo dirigindo-se exclusivamente a Pedro, como se prova pelo contínuo emprego de TU:”Eu TE darei as chaves do reino dos Céus; e tudo o que LIGARES sobre a terra será ligado também nos Céus, e tudo o que DESATARES sobre a terra será desatado também nos céus ( Mateus 16,19).
Os protestantes passaram muito tempo sustentando que na frase – “sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” – “esta pedra” se referia a Cristo e não a Pedro. Depois é que muitos deles resolveram desistir dessa interpretação, por eles mesmos, considerada antigramatical e por demais TORCIDA e ILÓGICA (destaque do administrador).
No meio de um discurso que se refere, todo ele, a Pedro (Bem aventurado és... Eu te digo... Tu és Pedro... Eu te darei... Tudo quanto ligares...) aquela expressão – sobre esta pedra – só podia referir-se a Simão, que por Cristo foi chamado especialmente KEPHA, isto é, pedra. Do contrário Cristo estaria ludibriando a S. Pedro; deu-lhe o nome de pedra, mas Pedro não o seria. Cristo o teria chamado pedra só para levá-lo na troça; na hora de lhe explicar por que motivo lhe dera este nome, teria dito que a pedra era só Ele, Cristo e ninguém mais.
Além disto, para justificar sua interpretação, os protestantes são obrigados a inventar uma hipótese que não consta absolutamente do texto, ou seja, que Jesus dizendo – “esta pedra” APONTOU COM O DEDO PARA SI PRÓPRIO. Além da falta de nexo, de ilação entre as palavras: Eu te digo que TU és Pedro – e as outras: sobre esta pedra que sou eu (é claro que devia ser: que és tu) edificarei a minha Igreja; como provam os protestantes, os quais admitem só o que está na Bíblia, que Cristo apontou com o dedo para si próprio?
Respondem eles: Isto não é preciso provar, porque também Cristo disse: “Desfazei esta templo e eu o levantarei em três dias” (Jo 2,19), certamente apontou para si próprio e o Evangelista não o diz.
Sim, o evangelista não disse que Cristo apontou para si próprio, porém fez ainda melhor: explicou bem claramente a que templo se referia Jesus: “Mas ele falava do templo do seu corpo” (Jo 2,21). Se Cristo dizendo – sobre esta pedra – se referisse a si próprio, S. Mateus deveria explicá-lo claramente, porque dentro daquelas palavras todas dirigidas exclusivamente a São Pedro, não haveria ninguém de bom senso que fosse capaz de decifrar semelhante enigma.
(CONTINUA...)
2 comentários:
ELES ( PROTESTANTES ) TEM TANTOS SITES . NOS PRECISAMOS TER UM JEITO DE LEVARMOS A VERDADE A ELES , AOS ATEUS, AOS ESPIRITAS.....
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