quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

DESCULPAS MUITO FRÁGEIS

246. Mas, como acontece a toda pessoa sobre que vem a cair de cheio um labéu vergonhoso, a qual procura sempre agarrar-se a alguma desculpa, mesmo que seja muito frágil, não faltam protestantes que recorrem a pálidas e, às vezes, ridículas explicações, quando se fala neste mal incurável da desunião dos “evangélicos”.
A mais célebre é a distinção entre pontos fundamentais e pontos não fundamentais do Cristianismo.
A simples exposição que fizemos, há pouco, das divisões que existem no Protestantismo mostra perfeitamente que esta alegação não é verdadeira: é sobre todos pontos, mesmo sobre pontos importantíssimos, que os protestantes entram em discussão: Existe ou não a Santíssima Trindade? Jesus Cristo era Deus ou um simples homem? A morte de Cristo foi expiatória ou a salvação consistiu apenas no seu bom exemplo? O homem é justificado só pela fé ou também pelas suas obras? A nossa alma é imortal ou não? Existe inferno ou não existe? Jesus Cristo está realmente presente na Eucaristia ou não? É ou não necessário o Batismo? Em que consistem a graça, o pecado original, a predestinação? Há ou não certeza absoluta da salvação?
Tudo isto é controvertido entre os protestantes; seria inútil, portanto, querer convencer-nos de que eles divergem somente sobre matéria de muito pouca relevância.
Outra desculpa que nos apresentam é tão ingênua, que serve apenas para divertir e provocar o riso. Dizem eles: Também na Igreja Católica não existe unidade, pois se vê grande variedade entre os padres católicos: há Padres Seculares, Jesuítas, Franciscanos, Capuchinhos, Dominicanos, Beneditinos, Carmelitas, Salesianos, Cartuxos etc.
Esta é boa! Confundir a variedade das funções exercidas pelos padres católicos, dos quais uns se dedicam mais ao paroquiato, outros, ao ensino, outros à pregação, outros à missões, outros à vida contemplativa etc., com as divisões que há entre protestantes sobre a DOUTRINA DO EVANGELHO!

Juntem-se os membros de todas as ordens religiosas existentes no Brasil, na China, na áfrica, nos Estados Unidos, na Europa, em toda a parte, com barba ou sem barba, com hábito preto, branco, cinzento ou marrom, juntem-se os católicos do mundo inteiro, façam-se-lhes perguntas sobre a doutrina em que eles crêem firmemente: quantas pessoas há em Deus, se existe inferno, se a alma é imortal, quantos são os Sacramentos, se Jesus é Deus, se Ele está realmente presente na Hóstia Consagrada, etc, etc, etc; e veja-se se a resposta de todos não é UMA SÓ!

Outros, enfim, querendo mesmo encarregar-se de mostrar até onde chega, em matéria de religião, a cegueira partidária, se apresentam ( ou fingem apresentar-se) envaidecidos, embelezados com esta grande diversidade que se vê no Protestantismo, o qual então aparece aos seus olhos como um LINDO E VASTO JARDIM, ONDE SE ENCONTRAM AS MAIS VARIADAS FLORES (!!!). Mas se esquecem de uma coisa muito importante: é que, consideradas atentamente as diferenças doutrinárias existentes no Protestantismo, todo protestante é forçado a reconhecer que existem aí muitos erros e heresias. Duas coisas diametralmente opostas não podem nunca ser verdadeiras ao mesmo tempo. Se Jesus Cristo é Deus, é uma heresia dizer que Ele é um simples homem; se não passa de um homem, é uma heresia dizer que Ele é Deus. Se existe o inferno, é uma heresia nega-lo, se não existe, é uma heresia proclamar a sua existência. Se Jesus está realmente presente na Eucaristia, é uma heresia negar a sua presença, se não está, é uma heresia afirma-la. E assim por diante. Juntar um punhado de heresias e querer fazer delas umas flores belas e perfumadas que enchem de encanto o jardim da Igreja, é o que bem se pode chamar uma comparação muito disparatada e muito cínica.

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